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terça-feira, 16 de setembro de 2014



trecho de Da Harpa,  XLI, 1857
foto de CA no espetáculo Sousândrade em Camarardente
Sala Alberto Nepomuceno, em 2005, foto de Júnior Aragão

Joaquim de Sousândrade

Silenciosa noite! um céu apenas
Adiante eu vi raiar: mostrou-me a terra
Dos meus pedaços espalhada, e eu só,
A dor me contraiu: oh, como é longo
O caminho que eu vou! – por este monte
Eu tenho de passar: cada uma pedra
Que eu ergo, sinto atrás de mim cair,
Um passo que eu dou – de menos este sol
Me deixa respirar. Cansado e morto,
Na minha tumba eu já me deito: noite,
Oculta-me em tua sombra!...Já branqueia
Abertas margens do horizonte a aurora:
Ave de Juno desplumando estrelas
Nas saias ondulantes, tu mentiste!

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