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domingo, 18 de setembro de 2016


foto anônima(?)

site brasileiro


18 de setembro de 2016
chuvas no ícone
nenhuma gota caiu no telhado
o usurpador viaja esta noite
a paralisia do sono é a pior
coisa em si no corpo de um ser

montagner e o rio o que dizem
o luto excesso de exposição
mesmo da morte palavra mais
escrota e insuportável em registros
de ondas escondendo o monte Fuji
fla bate em flet, flit, flot, flut
clássico empataaaaaaaaaado
ela abandona a dança
dos famosos e resgata barcos
criatura sobrenatural mumificada
teria 100 anos no ceará
mercado fecha as portas para os de 50
não há indícios de terrorismo internacional
avisam de NY
corpos  cozidos podem ser de brasileiros
e a direita radical só sobra no braseiro 

quinta-feira, 15 de setembro de 2016


foto CA


desolamento


a desolação
de um sujeito 
derramado debaixo da árvore
de jamelão
nunca saberei a locução certa dessa árvore
pra mim erariam azeitonas
os pássaros bicando os pés do senhor
carros de som panelas lençóis motores
e assim transita a manhã de sombras
isto é a manhã atemporal de cerrados queimando  
é minha a desolação e um humano está ali por si
mesmo imaginado e com trilha
sonora do pássaro que canta
em escrita musical que não tem igual
nesse mundo e nunca decifrarei
mas ele canta o pássaro pequeno
a ave mais oculta entre os galhos
a angústia mais desgastada nas
folhas que cobrem minha pele
e a do sujeito que dorme debaixo
da sombra da vegetação do existir
ele existe eu não existo o dito está
desfeito e o que parecia tão direito
tudo mentira da minha mente fora
dessintonia e dentro da agonia nós  

segunda-feira, 12 de setembro de 2016


foto:CA 


equilíbrio distante
para Hans Tramm

e aí me conta como eu estava
estive diante de vc na capela 3
depois que nossa amiga mary kake
estacionou o carro na sombra e
caminhamos procurando a capela
e ela de óculos escuros te viu
dentro do esquife nunca ousaria
usar aquela palavra tão vulgar em ão
e te vi com uma serenidade absurda
pela primeira vez te vi e perguntei 
assim cara não é possível que estejas
assim ausente não é possível que não
vás abrir os olhos dar uma gargalhada
esvair-se assim em trama tão defasada
no tempo no espaço em tua última roupa
e elegante chapeuzinho de judeu e as mãos
como de criança que dorme aquela paz dos
justos e tudo é injusto e não consigo deixar
de falar em teu ouvido esquerdo olha eu te
gosto muito e te desejo outra vida se alter
e peço perdão pelo que não fui para ti como
pra mim foste tão vero e libero e baiano
e abandonamos a capela sem graça mas
crentes em tua destinação em uma performance
parabólica é mesmo a última e a primeira da vida

criatura me dizia que nasceu nas obras
da praça dos três poderes.