Páginas

domingo, 28 de dezembro de 2014


still do filme Singing in the Rain, Gene Kelly



lluvia o sueño

a palavra-chuva é a chave
a chuva é canônica, trompa-
temporal de história turva,
alta definição de imagens e
de celas fechadas a sete chaves.
a chuva em parábolas constrói antenas.
democracia, tirania, dança de drones
passagem do ensolarado outono aton
in estate, carregado de grãos, águas, 
nuvens violentas, notícias violetas et
para, coração. o que será vistorevirão:
a palavra canção dos teus momentos
sanguíneos e caos delirantes instantes
instalados como máquina diária, viária,
cada um na sua, trolagens implicantes,
likes absurdados, modelos infanticidas,
vírgulas, uma vírgula, interrogação em
cada instante desta noite inútil e plena.
oh (?). noites de enfermas estrelas, ai
que as noites são aquém bem do Japão. 
não dormes, singing in the rain, trovão.
zen de cabelos molhados daquela mina.
ara ene eniara era iara e ainda é minha.     

sem exagero, sem pressa, sem desespero
enquanto esperas o vapor, o calor d’algum
incômodo para desestabilizar a objetiva ou
utilizar a câmara mirando o mirante dormir
e sonhar com o mesmo impasse do ensaio:
entre meus atores perdidos de si me decaio.   

sábado, 6 de dezembro de 2014


foto do site do museu de arte moderna do rio de janeiro.

MAM



eu não sacava a arte moderna
mas rondava o seu museu
eu era transcontemporâneo
e entre as pedras do jardim
imaginava um país!

se puxo o fio da meada
que nada! os canas chegam quentes
as figuras sabem disfarçar muito bem.

os guardiães das peças raras
simulam roubos e incêndios
do mar que sopra em vão entre vãos
de reidy em rajadas, de burle em balões.

a lombra é longa e bem maior que os cabelos
alguma face clara te reflete em espelhos 
o que me assombra é o desastre de um artista
depois o fogo quebra os vidros
e obras vivas se incendeiam.
a obra-prima perde a alma
estou queimado ao sol das guerras guelras
os raios partam tudo que resta em aragens 
entre o mar e o mam da manhã maresias.

esta canção não termina nunca
de 1983 aos dias muvucas
hans trammam
por você, respire fundo.  
hans tramm,
termine por mim
a pós-moderna estrutura.


(Rio, 1983 - BsB, 2014.)