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quarta-feira, 16 de agosto de 2017



foto de Marcel Gautherot

A\gonia


pelas musas instantâneas e indeterminadas
comecemos a cantar
pelas musas despossuídas de um lugar de aporia
em que possam pensar pensamento de musas
comecemos a cantar
pelas músicas dos hospitais perversos e sem
comecemos comecemos a cantar por qualquer
doença dor violência vívida no corpo irmão
dança ou chamado clamor de livramento
via que seja a linguagem exposta por imposição
quaisquer sinas de abandono depressão derrelição
comecemos a pedir por nós atuantes átomos atônitos
por outros átomos atordoados deste caos e cosmos
ou pelo menos consigamos tocar uma corda incisiva
na hora da cirurgia ardente o corpo se distende e vem
sinta que o que me alucina é de ti que se propaga também
sinta os arrepios de ver o fantasma em que me deixei ser
à sua frente tão resolvido e avançando no século dos cegos
abandone as palavras maluco saia ao sol sem cabelos e
chapéu  o chapéu é o céu o céu é o mar da cidade dizem
e preciso mesmo é dar o fora ou entrar sorrateiramente
na balada de mário faustino e litanias de marcílio farias
a pino a poderosástica presença do sol menino velho