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sábado, 26 de novembro de 2016


foto Rio Corda/2013/CA

tarefa


é tempo de terminar tarefas
então vamos às tarefas
às travessas citadinas e
clandestinas de si mesmas
às paisagens descambantes
às crises dos poderosos ases
engalfinhando-se em esgotos 
tortos toscos tremendamente podres
moscas murmurantes mutantes 
reencenação de clichês do nazismo
antes do seu ataque funesto fodido
a auschwitz infernal insurpotávela
todos sob o jugo dos infernos eternos
mas serena tua mente apaga o link
deste círculo de abjeção a história
objeto abjeto em loja formosa
pressão escrotidão dos poderes 
o sol em sagitário não supunha
esta noite a sucumbir por sinal
controler alterar deletar pescar
no rio cheio em que vias apenas
os pescadores afoitos armarem
nas águas as tarrafas arfantes
e lias o esgar dos peixes fisgados  

quinta-feira, 10 de novembro de 2016


foto de Tayla Lorrana/2014

baixo retrato


pode ser desfocado
vendo-me imóvel
eu não dou conta de criar
nem a mimesmo o duplo
quanto mais a cãesegatos
orquídeas ervas ideias adubos
uns dizem outros desdizem
suas pulsões parabólicas e
querem saber dos fetiches meus
e lá sou eu de me jogar na lama
dos baixos níveis de personificação?
o mercado previa lucro e lucra
o sujeito verbalizou-se em teatro
e do próprio teatro fugiu espectante
e diante de todas as denúncias diante
das cenas de teatro que serão espinhos
mantenho-me impávido porém pálido
perfilado ao povo mais valente decente
lá quero ser protagonista da lente que
mente sobre mim e me escaneia candeia!
o pior é que gosto do retrato que incendeia
e joga luz tela no animal indefeso na teia.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016


foto/CA.2012

nossa língua


a nossa língua minguante
espada de três gumes
ouvido olvida delira avante 
levo desaforos pra casa 
mentalizado abduzido en mí
na mochila dos desesperos em si
carregas os aforismos mais vis 
e jogas online no pilão digital
masseras e tomas o sumo cimo 
estás reduzido a pó de inútil memória  
língua espátula afiada sem história diz
guarda a dor na sacola azul do festival
e com cuidado hasta tu delírio fantasmal

minha casa caótica caosmótica
sabática dominical semanática
nossa em que sentido senhor
perguntas e sem resposta calas
nossa língua não existe bolas e
e cada um que se aguente por
solilóquios dramáticos com final
feliz e desdobramentos vãos em
noite fria e sofrivelmente calma