pintura de René Magritte/A Queda
precipitações
relâmpagos gozosos, esfera
dentro do azul do horizonte
luminoso - raia horrível dor.
tripulantes abandonam o navio
caminho entre ondas imigrantes
falas fissuradas, trapézios rotos,
acrobáticas nuvens em gemidos
e semoventes lâminas de luz.
decifrações, devorações, devastações
espero que ouças minha fala devassa
a floresta amazônica em perigo, saca!
convulsões, saqueada da raiz às folhas
alerta ao mundo da vida brasileira e à
perdida vastidão do universo. duvida?
universo frontal, céu da boca miséria
no bojo da língua insuportáveis gritos
barcos levam madeiras, águas e até
as carnes e ossos da genética extra
ordinária escritura de uma nação em
entrega, extermínio, espoliação exata
rosa impopular em tombado escombro.
viagens pelo ego sempre degradáveis
desagradáveis, destituídas de destino
precisão, sem imagem, sem foco. Ou
perdendo a conta do drama em ruínas.
aedo artificial
sem modos
modulando programas a saber
deletar, destecer e
transas necessitadas de crítica
reparos, demolições – acúmulo
cantor zenital
“por qué al pintar en tus cuadros
te olvidaste de los negros?”
das nuas neuras tragicômicas
a balas perdidas e campos
minados de crianças cegas!
não te culpes, não te preocupes
pula interjeições, desbasta uma
por uma essas pontiagudas esp
inhas que esperanças esculpem.
precipitações pós-históricas
leitura perversa leggere ur
rantes silêncios noturnos e
narrativas óbvias por culpa
minha e talvez tua invisível
mudez instalada ao me leres.
desculpa, liberdades libertas
trovões teclando en el fondo
di volcano fisgado nel cuore.
por esso, dardeja o esquecer:
existe tempo algum em nenhum
lugar. isso dói, é foda, estases.
pluviométricas lágrimas serão sempreminhas
enquanto vida tiveres, e eu puder te amar, sim?
