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quinta-feira, 27 de outubro de 2016


a criatura por ser/foto de Tayla Lorrana/2012

passa/primavera/passa


asas de mariposas caídas na pia
árvore caída pela queda de águas
britadeiras e latidos e insetos do poste
desde sobre vindo do alto me poupem
e afastem-se da janela da sala da cela 
primavera é extravagância da insensatez
profusão de pragas do agito descomunal
de cigarras de frutas esmagadas no asfalto
de carros estacionados numa mesma casa
comemorando o aniversário do proprietário 
música alta crianças algo enlouquecidas e
mães e pais de bermudas a mostrar para
os pimpolhos dos condomínios nobres os
morcegos na mangueira olhem meninos
aponta o pai ou tio ou amigo e surpresa
geral e próprio eu que moro no conjunto
nunca soube de morcegos pendurados no
maltratado passeio da calçada destituída
sob árvores cheirosas em sachês de flor
acima dos telhados o meu avião passacaglia

sábado, 8 de outubro de 2016



foto/ CA 2012

sur americano


soy sur americano 
vivo en un hogar
con su gente anonima
sobre vivo en la ciudad
con su frieza y soledad
caminho por uma noite sem conversa com luar
e digo ao astro branco quanto é belo o amar
quello che é sin rima pero derrama
dolor delícia d’stare nel mondo 
la rivoluzione degli innocenti 
momento cada falso
memento fascinante
movimento adagio
andante and prestimoso
sonâmbulo ator somb e rio 
que importam as dores e veias
exaltadas por lembrarem de tudo
e sem sono bem como sonata on
line e dans las líneas y sonidos
llegan hasta mí ausencia de usted
longilínea presença luce et ombra 
llanos prantos paesi sustenidos    

sábado, 1 de outubro de 2016


foto alterada/CA

não sei cantar talvez voar

diante de mim e um pouco desfocada
sarah vaughan num sofá conversa 
uma outra pessoa que não vejo em vão
desloca-se entre ela e de perto longe
biombo em alta definição e espelho
canto baixinho por ansiedade em teste
i never give you my number
i only give you my situation 
ella não me ouve cantar e calo 
desafino a voz nos pés e sem pulsão 
percebo que não há timbre nem rima
mas batendo os braços começo o imã
a voar pela sala e alcanço o andar teto
de maneira suave como se ave voo
ela enfim se surpreende e diz uau
e esquecido dela ao planar serenamente
levito sobre as colunas do teatro nacional
ainda tendo tempo de jogar pro céu dormente
minha prece por você por mim por ela e você
na nova obscuridade instalação senão me vivo
minha mente quebrou e começando tudo de novo