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terça-feira, 29 de maio de 2018


foto de Tayla Lorrana/2011


as senhas


o númuro da minha alma é pi
o numen o nome o número
do corpo é uma equação fria
só os tempos calcularão em
juros exorbitantes escorchantes
a gênese o dna origens desejantes

minha senha no banco e no email e
no facebooque é calamité calamity
minha senha para o céu é no more
minha senha para o sonho id mim
minha senha pra você é vem fora
mas falando sério a senha do banco
banco de brasília é scn trade center
números que dançam dos dedos e
é marabá uma índia que gerou poema 
cidade do pará e uma índia cambucá
não sei o motivo da escolha ahahhah

quem quiser pode tirar de mim aquilo
que quiser como o dinheiro que não há
a afeição que é para quem não precisa
o sangue que já não é mais de doador
a sangria de ironia diverte talvez sempre 

quem quiser jogar em mim uma benção
venha de onde vier faça esse depósito
e vejamos se o espírito aceita espirrar
um pouco de generosidade a todos mas
todos mesmo a quem devo estar vivendo
eu sei que tem gente rezando por mim e
ainda os que me ignorando me salvam de
coisas que não preciso saber sentir ou ser

os números da história não são meus nem
teus vigilante do ser ocupado inútil estar
acesse-me e verá que não estou possesso
possuído de cruéis reflexos do cosmos sou
o que nem quer nada a não ser a sua senha  

sábado, 19 de maio de 2018


desenho de Eurico Rocha



o cordeiro da rocha

como interrogação exclamações de dor
se hoje na manhã tu estavas no gmail
e por agora dez da noite sem vento soçobras
ou acendes em ascensão para o distante sol
nas sombras que são dos que te amam e não
de ti que és luz pura mais charmosa maison
o primeiro pintor dos céus e nuvens e postes
do planalto no qual voavas de moto e na moda
criavas as mais originais abstrações materiais
fibras de tnt de capim e sintéticos tecidos aéreos

estavas em paris na haute dimensão da costura
e entre gente do mundo captavas com tesouras
e papéis e tecidos e modelos dispostos no savoir
faire les beaux arts numa canção de estilista para
quem fazer a moda era fazer o drama e a cultura
com os cabelos à chanel e o charme à saint-laurent
e lembro que voltaste botando pra quebrar numa
aparente arrogância típica de quem tudo recusa
critica os acabamentos e detalhes de acessórios
do lápis preto ao pancake e do drama e da morte
 

como progressálio rapaz ministérico esse mistério
deves a cada um que te amou romance de relance
toda a aplicação de agulhas e linhas no matelassê
a mais bela roupa antes que o fashion fosse feito
nas capitais metidas a besta do apocalipse now
o frenesi de humor que portavas nos camarins
demonstravas desprezo pelos atores sendo um
e na passarela instalada no palco da villa-lobos
sabíamos que ali estava a novíssima automoda
autóctones cortes em palha e algodão invenção

só há uma ou duas respostas pra tua ausência
escandalosamente deslizando na paulicéia ela
a vida e seus rafes e olhares de cordeiros no campo
as cômicas brigas nossas nas coxias entre os atores
sem nenhuma cerimônia já sabíamos do abismo
e vencestes subindo à cobertura de um antigo
edifício da movida cidade grande de macunaíma
contigo caminhei e muito pela cidade anímica
a concreta cerrada que tanto amas e animas
amado sujeito de mim e de hans tramm amigo  

terça-feira, 8 de maio de 2018


foto do site megacurioso.com.br


vagação


sequência de ondas
surtindo frequências
senoidais sinuosas 
espumas salgadas
aspergindo sondas 
as paranoias da pele
à flor dos ossos
à praia irreal
perde chaves
quebra copos
deixa cair papéis
nas sombras do sol
autoengano plural
máscaras molhadas
pendem do rosto e pedem
oxigênio e novas seringas
móbiles de células neuronais
intumescem as velas da vida
lamentável e louvado descontrole
de métrica histriônica se possível
de preferência em voluptas veias