Páginas

sábado, 19 de maio de 2018


desenho de Eurico Rocha



o cordeiro da rocha

como interrogação exclamações de dor
se hoje na manhã tu estavas no gmail
e por agora dez da noite sem vento soçobras
ou acendes em ascensão para o distante sol
nas sombras que são dos que te amam e não
de ti que és luz pura mais charmosa maison
o primeiro pintor dos céus e nuvens e postes
do planalto no qual voavas de moto e na moda
criavas as mais originais abstrações materiais
fibras de tnt de capim e sintéticos tecidos aéreos

estavas em paris na haute dimensão da costura
e entre gente do mundo captavas com tesouras
e papéis e tecidos e modelos dispostos no savoir
faire les beaux arts numa canção de estilista para
quem fazer a moda era fazer o drama e a cultura
com os cabelos à chanel e o charme à saint-laurent
e lembro que voltaste botando pra quebrar numa
aparente arrogância típica de quem tudo recusa
critica os acabamentos e detalhes de acessórios
do lápis preto ao pancake e do drama e da morte
 

como progressálio rapaz ministérico esse mistério
deves a cada um que te amou romance de relance
toda a aplicação de agulhas e linhas no matelassê
a mais bela roupa antes que o fashion fosse feito
nas capitais metidas a besta do apocalipse now
o frenesi de humor que portavas nos camarins
demonstravas desprezo pelos atores sendo um
e na passarela instalada no palco da villa-lobos
sabíamos que ali estava a novíssima automoda
autóctones cortes em palha e algodão invenção

só há uma ou duas respostas pra tua ausência
escandalosamente deslizando na paulicéia ela
a vida e seus rafes e olhares de cordeiros no campo
as cômicas brigas nossas nas coxias entre os atores
sem nenhuma cerimônia já sabíamos do abismo
e vencestes subindo à cobertura de um antigo
edifício da movida cidade grande de macunaíma
contigo caminhei e muito pela cidade anímica
a concreta cerrada que tanto amas e animas
amado sujeito de mim e de hans tramm amigo  

Nenhum comentário:

Postar um comentário