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terça-feira, 9 de setembro de 2014


obras de Carlos Borges/foto de Peninha


Ô KORÉ Ó

ó Koré ô Koré
Koré de peplos nos ombros
vestida de peplos sinuosos véus
peplos assentados em duplo corpo
sem mangas, braços despidos,
rosto coberto da mais alva pedra.
ó Koré ô Koré,
cabelos leves e longos, túnica tecida,
você em pé, há tantos séculos
na acrópole de Atenas;
isso me faz prantear.
como eu te amo, Koré.


canta, divina Perséfone,
cinzel milenar de bela escultura, volta.
deixa tuas armas brincarem, deixa este mundo
inferior, este tempo avernal - não te raptarei,
mas em brancas rodas de rosas dançarás comigo
ao luar da ágora acesa, ouvirás algum canto calmo,
lua cheia, abaixo do Olimpo onde coroas
miram templos e tempos.


eterna adolescente das ervas
entre flores e frutos, caminhas, menina.
o alecrim está em tua pele – boticelli!
grãos germinam da terra por teus passos,
le rondini nel cielo, nuvens de aço, cúmulo,
Persefatta, Persofoneia, Prosérpina.
táteis escuros olhos esquivos me chamam
e vou até a ti, sedutora e fugidia praia plástica,
se assim quiseres, deusa tão querida como 
embarcações coloridas que velejam e viajam
para onde não há cais nem mesmo sais
ardentes, sais flamejantes, lágrimas brotam
em árvores de um perfume antigo que me mata.

CA - set.2014  


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