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quarta-feira, 20 de agosto de 2014


International Space Station - George Krieger/2014


MilêniO


que não demore um milésimo de segundo
pra que esta coisa que só posso chamar de 
cancela, chancela, candeia, caravela
acenda-se em gladiaturas – veia do tempo;  
que não demore um segundo, um minuto, um dia
pra que esta lousa, pedra perdida, se inscreva
por algo que move a mão deste que
não sabe se escreve ou é escravo da pedra;
idade de homem que já passou da idade
debruçado sobre teclas pretas, letras brancas
história televisada, simulacro, jogadores extenuados
aos 48 minutos de um estádio gelado em freezer,
templo de lamentáveis contemplações.
a banalidade domina a noite possuída;
portanto, subjuga meu ser ao não-ser nada
com vinhetas, chamadas repetidas, cenas
incandescentes de mesmice marca-passo.
é o que disse um dia, brincando, levaram a sério:
este é o Terceiro Merdênio
e como essa expressão (derivada de Nietzsche?)
incomodou aos que pelo Milênio Terceiro soltaram 
foguetes, lançaram flores na cachoeira, beijaram 
poeira e faces desconhecidas, deslumbramento só.
a era de Aquarius já era; foi no máximo um musical
vendido a preços altos na bolsa das óperas banais.
o tempo é do contra, o espaço é a conta-gotas
e liquidado, me rendo, fendas livres, barravento. 

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