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sábado, 3 de março de 2018


foto de Oscar Metsavaht/pedindo licença


canção do redentor


vejo o cristo redentor desmoronando
majestosamente entre as pedras que
gritam entre as árvores que gemem
ele cai do corcovado em câmera lenta

da janela foco na sala algumas criaturas
às quais pergunto se é verdade aquilo
e elas flutuam aleatórias pálidas brutas
ficam caladas na sombra uma voz alerta 
isso já aconteceu há muito tempo e foi
notícia em todos os canais do mundo

despencaram a cabeça tronco e membros
as mãos da poeta de onde se tirou o
molde das extremidades do cristo concreto
e pedra sabão mil metros até fundo oceano
mil toneladas para os raios e os ventos  
voaram para o mar e para a montanha
a floresta da tijuca está tomada de pó
favelas de enxofre e gases borrifados 


é óbvio que por esse poema rasgam
sirenes gritos agudos balas rachadas
perdidas munições das matanças vis
a dor dopada sobre o corpo dobrado
dos sujeitos que mandam a invasão
e comandam os aplicativos escancarados
de suas armas ostensivas ostentações
oh face coroaaada de espiinhos e irrisão
oh morros prisões ao ar liiivre das gentes
fechadas em suas entranhas e saídas por
armas letais ilegais metalgórgonas com
torções e pulsões bárbaras respiro noite
respirando circulando ando em escombros
circulando circulando levanta os braços porra
tento lembrar em que instante de uma noite
qual iconografia se postou à minha frente

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