foto de Junior Aragão/intervenção
508 Sul
do alto da sacada em arco aberto
do espaço cultural respiro incerto
antes arte e confusão reinaram
cerrado pela chuva minimalista
contemplo convenhamos a via
molhada e tenho pena de mim
aos olhos atentos para a W3
alta comiseração que toma poder
entre automóveis ônibus e motos
calados em direção a destinos afins
setores autarquias estacionamentos
vagamente magnéticas vertigens veem
e vêm as visagens incompletas da cena
cruzamento de tempo teatro e som
da superquadra saudade do galpão
palmas gritos noites dias de surpresa
cartazes na vidraça do cine cultura
letras desenhadas à mão no painel
estudantes de jeans e blusa branca
o grande-circular ambulante anda
a praça 21 de abril é palco
e dançam os saltimbancos
as cigarras começam a ser
sonorosas nuvens pousam
volto para a sacada voando
solto fumaça sopro gás carbônico
encaro o desfazer-se de tudo
a cada segundo inesgotável
de nitrogênios no ar proteico
a favelização da nada avenida
os abandonados das marquises
caravanas de crianças tontas
a química instalada em gotas
as primeiras casas hoje rotas
o silêncio do bucólico esperar
ônibus olhos grafitados e sus
pendidas faces de adolescentes
em risos uníssonos embaixo e entorno
das paradas que também são descaminhadas
calçadas trepidantes e olhar os pássaros
Nenhum comentário:
Postar um comentário