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segunda-feira, 5 de maio de 2014





Lisboa Street Revisitada

Nada quero, não, já disse.
sem conclusões, sem finais, sem a indesejada
profusão de direitos dos deuses.
Não sou doido. São e impaciente, não sou de turma.
Céu azul na minha infância não existiu
e se existe hoje é porque infantil me tenho;
tão maravilhoso e único é ser infantil
foi ter sido, sacudido sem  ser acodido,
ser filho sem saber de pai e mãe, escondidos,
ou mais, tão presentes que me batiam por
qualquer motivo,  em couro ou galho verde.
Todos são como me sinto, ou isso é mentira?
Não quero me matar. Um pierrô pode ser louco,
porém preza a vida e as suas ousadias,
imaginações internas.  Mundo interior?
Isso é para Pessoa, não para o Pierrô.
Poucos me cantarão e menos ainda me chorarão.
Não vale ser lembrado, embora sem escrúpulos
estejamos nos sonhos de outros que suspiram por ti.
Saber-se sem importância é tudo:
pavor do desconhecido, horror do conhecido,
preso no nada é pior que preso em tudo.
A festa começa. Não posso esquivar-me mais.
Agora nada me prende, ninguém me surpreende.
Vejam, estou na rua escura e nenhuma sombra
me assalta entre casas antigas e novos implantes
imobiliários, fechando ventos e luzes.
O que importam propósitos perdidos?
Chamam à campainha. Vamos a pé, mas vamos.                      

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