O livro
o livro é o mito em hora de embarcar,
naufragar com algo nas mãos, não se afogar.
cadernos, páginas, parágrafos, versos.
naufragar com algo nas mãos, não se afogar.
cadernos, páginas, parágrafos, versos.
Mallarmé, com sua capa em tarrafas,
é recebido no
salão, solenes
movimentos de esgarçado alarme.
Vou colher os favos nas árvores baixas
as minhas, ninfas, náiades de
risos, nadando
submersas;
lençóis de nácar em que Maranhão Sobrinho
nadou, de um lado ao outro do rio,
sem ver uma arraia, uma vitória-régia;
para ele, como para este sonho imperfeito,
jaçanãs têm cor de âmbar, aliás, dominam o lago
vivaz, o lilás, o viridente - bastam
as imagens das palavras imaginantes
o livro é de grande calado
atravessa o o seu extinto oceano
um céu e um mar e um sol por viverem
e nós, navegantes, sem saber do porto,
náufragos de fôlego, só eloquência aquática.
Acorda, mergulhador,
agarra-te em teus
véus vegetais.
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