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sábado, 14 de dezembro de 2013

O livro


o livro é o mito em hora de embarcar,
naufragar com algo nas mãos, não se afogar.
cadernos, páginas, parágrafos, versos.
Mallarmé, com sua capa em tarrafas,
é recebido no salão, solenes
movimentos de esgarçado alarme.
Vou colher os favos nas árvores baixas
as minhas, ninfas, náiades de
risos,  nadando submersas;
lençóis de nácar em que Maranhão Sobrinho
nadou, de um lado ao outro do rio,
sem ver uma arraia, uma vitória-régia;
para ele, como para este sonho imperfeito,
jaçanãs têm cor de âmbar, aliás,  dominam o lago
vivaz, o lilás, o viridente -  bastam
as imagens das palavras imaginantes
o livro é de grande calado
atravessa o o seu extinto oceano
um céu e um mar e um sol por viverem
e nós, navegantes, sem saber do porto,
náufragos de fôlego, só eloquência aquática.
Acorda, mergulhador,
agarra-te em teus véus vegetais.


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