obra de Nuno Ramos (com licença)
vulgaridades
bate-papo em salões frios de arte
todo um cerimonial insuportável
e tosco tangendo o artista da vez
outra
coreografia do boteco de homens
mulheres na companhia dos maridos
e as conversas de gestos desaforados
a vulgaridade inseminada na terra
contra os palestinos predestinados
ao fim do fundo fornalha da forja
pegar o ônibus errado e perder-se
nas ruas escuras de um bairro feio
igrejas bares abertos e noite praga
a insistência dos vulgares em vãos
instalados na cúpula de poderosos
esquemas indícios armam cretinice
hipócritas vibram na vitória do aborto
logo seus mantenedores inseminadores
logo os que matam crianças em creches
as infindáveis fotos das apurações à toa
do filme de juízes de ministérios de mer
da de auxílio moradia palácios farsantes
o fedor da estação de tratamento d’água
passando por árvores telhados e janelas
nas horas inesperadas da cidade fúnebre
a categoria filme mais popular no oscar
que vende franquias líderes de bilheteria
quando o cinema passa longe de roliúde
a novela fixada em fixações de folhetim
mais alucinado e absurdo que o teatro
de costumes mais retrógrado na ficção
o vizinho que se aproxima do portão
portando discurso que ouviu disperso
e fazendo de suas as palavras tortas
bancadas da bala da bíblia do boi
escolhidos farsantes povo prascóvio
vergonha nação ê bumba ê ê ê bão
vulgaridade é suportar a mim mesmo
contigo fingindo ser antropófago cool
um sujeito bacana saído do sarcófago
vulgaridade é não dar fim ao acabado
que não interessa mais pois amanhã
renasceremos para o desafio+vulgar
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